Iroko
IroKo é um Orixá pouco cultuado
no Brasil; Seus filhos também são raros.Iroko vive na mais suntuosa árvore que há numa roça de candomblé' e também nas matas.Representa a ancestralidade, nossos antepassados, pais, avós, bisavós,
tataravôs. representa também o seio da natureza, morada dos orixás... Desrespeitar iroko, (grande e suntuosa árvore ) é desrespeitar
sua dinastia, seus avós, seu sangue...Iroko representa a história do ylé, assim como, de seu povo.Protegendo sempre o mesmo
das tempestades.Iroko protege muito seus filhos.
Arquétipos:
Eloqüentes, ciumentos,
camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos. gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber
bem.Se apaixona com facilidade, assim como gostam de liderar.Dotados de senso de justiça, são amigos queridos e inimigos terríveis. porem se reconciliam facilmente.
não conseguem guardar segredos.
Dia da semana: terça-feira
Saudação: iroko i só !
eeró !
Cores; branco, verde e
cinza;
Símbolos; pé de iroko
e gameleira.
Domínios; grandes árvores,
variações climáticas; florestas.
Forca emanada: proteção das variações
climáticas e tempestades. Perpetuação e morada dos antepassados
LENDAS DE IROKO
1-Iroko castiga a mãe que não lhe dá o filho prometido
No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Iroco. Iroco foi a primeira de todas as árvores, mais antiga
que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. Na mais velha das árvores de Iroco, morava seu espírito. E o espírito de Iroco era
capaz de muitas mágicas e magias. Iroco assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saia com uma tocha na mão, assustando
os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas,
para o bem e para o mal. Todos temiam Iroco e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam
desesperados. Foi então que as mulheres tiveram a idéia de recorrer aos mágicos poderes de Iroko. Juntaram-se em círculo ao
redor da árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta
face a face, pois, os que olhavam Iroco de frente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a Iroco, pediram a ele que lhes desse
filhos. Ele quis logo saber o que teria em troca. As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroko
milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Cada uma prometia o que o marido tinha para dar. Uma das suplicantes, chamada
Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e,
no desespero, prometeu dar a Iroco o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram
levar a Iroco suas prendas. Em torno do tronco de Iroco depositaram suas oferendas. Assim Iroco recebeu milho, inhame, frutas,
cabritos e carneiros. Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se
demais ao menino prometido. No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho
tão querido. E o tempo passou. Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte e sadio. Mas um
belo dia, passava Olurombi pelas imediações do Iroco, entretida que estava, vindo do mercado, quando, no meio da estrada,
bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore. Disse Iroco: "Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra
dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha copa." E transformou Olurombi num pássaro
e ele voou para a copa de Iroko para ali viver para sempre.
Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, em vão, por toda parte. Ele mantinha o menino em casa,
longe de todos. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita
a Iroco. Até que um dia, quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que cantava assim: "Uma prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu inhame e
trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas; Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa
que foi feita. Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido."
Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Sim, só
podia ser Olurombi, enfeitiçada por Iroco. Ele tinha que salvar sua mulher! Mas como, se amava tanto seu pequeno filho? Ele
pensou e pensou e teve uma grande idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Iroco, levou-o para casa e começou
a entalhar. Da madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.
O fez com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero,
preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou
com ricas jóias de família e raros adornos. Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroco e o depositou aos pés da árvore
sagrada. Iroco gostou muito do presente. Era o menino que ele tanto esperava! E o menino sorria sempre, sua expressão, de
alegria.
Iroco apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como
os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de frente. Iroco estava feliz. Embalando
a criança, seu pequeno menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. Tendo sido paga, enfim,
a antiga promessa, Iroco devolveu a Olurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido
artesão e para o filho, já crescido e enfim libertado da promessa. Alguns dias depois, os três levaram para Iroco muitas oferendas.
Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco da
árvore. Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi. Até hoje
todos levam oferendas a Iroco. Porque Iroco dá o que as pessoas pedem. E todos dão para Iroco o prometido.
2-Iroko ajuda a feiticeira a vingar o filho morto
Iroco era um homem bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas era Ajé, a feiticeira, a outra era Ogboí, que era
uma mulher normal. Ajé era feiticeira, Ogboí, não. Iroco e suas irmãs vieram juntos do Orun para habitar no Ayê. Iroco
foi morar numa frondosa árvore e suas irmãs em casas comuns. Ogboí teve dez filhos e Ajé teve só um, um passarinho.
Um dia, quando Ogboí teve que se ausentar, deixou os dez filhos sob a guarda de Ajé. Ela cuidou bem das crianças
até a volta da irmã. Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar, deixou o filho pássaro com Ogboí. Foi então que
os filhos de Ogbói pediram à mãe que queriam comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos no primo,
recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que ser um pássaro. A mãe foi então foi a floresta caçar passarinhos,
que seus filhos insistiam em comer. Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram, cozinharam e comeram o filho de Ajé. Quando
Ajé voltou e se deu por conta da tragédia, partiu desesperada a procura de Iroco. Iroco a recebeu em sua árvore, onde mora
até hoje. E de lá, Iroco vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos de Ogboí. Desesperada com a perda de metade de seus filhos
e para evitar a morte dos demais, Ogoí ofereceu sacrifícios para o irmão Iroco. Deu-lhe um cabrito e outras coisas e mais
um cabrito para Exú. Iroco aceitou o sacrifício e poupou os demais filhos. Ogboí é a mãe de todas as mulheres comuns,
mulheres que não são feiticeiras, mulheres que sempre perdem filhos para aplacar a cólera de Ajé e de suas filhas feiticeiras.
Iroco mora na gameleira branca e trata de oferecere a sua justiça na disputa entre as feiticeiras e as mulheres comuns.
3-Iroko engole a devota que não cumpre a interdição sexual
Era uma vez uma mulher sem filhos, que ansiava desesperadamente por um herdeiro. Ela foi consultar o babalawo
e o babalawo lhe disse como proceder. Ela deveria ir à árvore de Iroco e a Iroco oferecer um sacrifício. Comidas e bebidas
que ele prescreveu a mulher concordou em oferecer. Com panos vistosos ela fez laços e com os laços ela enfeitou o pé de Iroco.
Aos seus pés depositou o seu ebó, tudo como mandara o adivinho. Mas de importante preceito ela se esqueceu. A mulher
que queria ter um filho deu tudo a Iroco, quase tudo. O babalawo mandara que nós três dias antes do ebó ela deixasse de ter
relações sexuais. Só então, assim, com o corpo limpo, deveria entregar o ebó aos pés da árvore sagrada. A mulher disso
se esqueceu e não negou deitar-se com o marido nos três que precediam o ebó. Iroco irritou-se com
a ofensa, abriu uma grande boca em seu grosso tronco e engoliu quase totalmente a mulher, deixando de fora só os ombros
e a cabeça. A mulher gritava feito louca por ajuda e toda a aldeia correu para o velho Iroco. Todos assistiam o desespero
da mulher. O babalawo foi também até a árvore e fez seu jogo e o jogo que o babalawo fez para a mulher revelou sua ofensa,sua
oferta com o corpo sujo, porque para fazer oferenda para Iroco é preciso ter o corpo limpo e isso ela não tinha. Mas a mulher
estava arrependida e a grande árvore deixou que ela fosse libertada. Toda a aldeia ali reunida regozijou-se pela mulher. Todos
cantaram e dançaram de alegria. Todos deram vivas a Iroco. Tempos depois a mulher percebeu que estava grávida e preparou novos
laços de vistosos panos e enfeitou agradecida a planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antes resguardando-se para
ter o corpo limpo. Quando nasceu o filho tão esperado, ela foi ao babalawo e ele leu o futuro da criança: deveria ser iniciada
para Iroco. Assim foi feito e Iroco teve muitos devotos. E seu tronco está sempre enfeitado e aos seus pés não lhe faltam
oferendas.
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