Ossain
Originário
de Iraô, atualmente na Nigéria, não fazia parte dos 16 companheiros de Odùdùwa quando na chegada de Ifá. Patrono da vegetação
rasteira, das folhas e de seus preparos, defensor da saúde, é a divindade das plantas medicinais e litúrgicas. Cada Orixá
tem a sua folha, mas só Osanyin detém seus segredos. E sem as folhas e seus segredos não há axé, portanto sem ele nenhuma
cerimônia é possível.Ossaniyn ou Ossain (como se escreve habitualmente) é o deus das ervas. Comanda
as folhas, as medicinais, as litúrgicas, é o mestre do mato. Usa pilão, veste verde, sua ferramenta tem sete pontas, uma das
quais no centro com um pássaro no alto. Bode e galo são suas comidas prediletas; sua saudação: Ewê ô! Muitas vêzes é representado
com uma única perna. A sua importância é fundamental, pois nenhuma cerimônia pode ser feita sem a sua presença,
sendo ele o detentor do axé - o poder - imprescindível até mesmo aos próprios deuses. As folhas nascidas das árvores e as plantas
constituem uma emanação direta do poder sobrenatural da terra fertilizada pela chuva (água-sêmem) e, com esse poder, a ação
das folhas podem ser múltiplos, para diversos fins.
Òsányin
possui um poder ao mesmo tempo benéfico e perigoso. O Eye é um pássaro que o representa, o Igbá Òsányin é seu emblema, confeccionado
com ferro, e simboliza uma árvore de sete ramos com um pássaro em sua haste central, o ferro reforça a ligação com o axé do
preto mineral, e o pássaro é a relação folha-pena e elemento procriado. Nada se faz no candomblé sem este orixá, as folhas
sagradas, para tudo se usa, na iniciação há um boorí específico para Òsányin, a cabeça do neófito é lavada com um líquido
composto de folhas associadas a diversos orixás, mas dependentes, em última instância, para seu efeito, da colaboração de
Òsányin.
O Babalòsányìn ou Oloòsányìn colhe as plantas num total estado de pureza .São também chamados de
ònìsegun ,"curandeiros", em virtude de suas atividades no domínio das plantas medicinais.
No ato de se macerar as folhas, entoa-se
cânticos chamados de sàsányin.
Ele vive na floresta em companhia de Aroni, por isto as conheitas das flores devem ser feitas com extremo cuidado, sempre
em lugar selvagem, onde as plantas crescem livremente. Deve-se estar em estado de pureza para esta colheita, abstendo-se de
relações sexuais pelo menos três dias precedentes, indo a floresta de madrugada sem dirigir a palavra a ninguém. Além disso
deve se ter o cuidado de deixar no chão uma oferenda a Osanyin logo que se chegue ao local.Osanyin usa uma cabaça chamada
Igbá-Osanyin. Fuma e bebe mel e pinga.As folhas de Osanyin veiculam o axé oculto, pois o verde é uma das qualidades do preto.
Seu dia é quinta-feira.
O Arquétipo:
Pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar
seus sentimentos e emoções. Daquelas que não deixam suas simpatias e antipatias intervirem nas suas decisões ou influenciarem
as suas opiniões sobre pessoas e acontecimentos. É o arquétipo dos indivíduos cuja extraordinária reserva de energia criadora
e resistência passiva ajuda-os a atingir os objetivos que fixaram. Daqueles que não têm uma concepção estrita e um sentido
convencional de moral e da justiça. Enfim, daquelas pessoas cujos julgamentos sobre os homens e as coisas são menos fundados
sobre as noções de bem e de mal do que sobre as de eficiência.
LENDAS DE OSSAIN
1-Ossain cobra por todas as curas que realiza
Desde pequeno Ossain andava metido mata adentro. Conhecia todas as folhas e seus segredos.
De cada qual sabia o encantamento apropriado. Sabia empregá-las na cura de doenças e outros males e com elas preparava beberagens,
banhos e ungüentos, que carregava consigo em miraculosas cabacinhas. Sua fama o antecipava. Por onde andava era aclamado o
grande curandeiro. Certa vez salvou a vida de um rei, que em troca quis lhe dar muitas riquezas. Ossain não aceitou nada daquilo,
somente recebia os honorários justos que eram pagos a qualquer curandeiro ou feiticeiro. Tempos depois sua mãe caiu enferma
e seus irmãos foram buscá-lo para tratar dela. Ossain chegou com suas folhas e atós de remédios, mas estipulou um pagamento
de sete búzios pela cura. Os irmãos se espantaram com a exigência, porém, mesmo a contragosto, pagaram a quantia pedida e
a mãe foi salva. O dinheiro era parte da magia, que tem seus encantamentos, fórmulas e preceitos, que nem mesmo Ossain pode
mudar. Ossain curou sua própria mãe e seguiu o seu caminho, como a folha que é livre e o vento que as leva.
Ewé O! Ewé O!'
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