Música Afro
A História da Percussão
na terra
Ao nos reportamos à história do homem na Terra
fica claro que a percussão, como um som específico, praticamente nasceu com a raça humana. A história dos instrumentos musicais
é tão antiga quanto a Idade da Pedra. existem evidências substanciais sobre esse fato: provas arqueológicas (escavações, objetos
petrificados, etc.)Representações de desenhos (cavernas, esculturas)inscrito em cascas de árvores (papiros preservados por
povos primitivos) O primeiro impulso sonoro do homem primitivo foi supostamente o de bater palmas ligado a uma certa cadência
rítmica. Em achados arqueólogos verificou-se que algumas pedras possuíam tamanhos semelhantes com formas convexas, adaptando-se
à empunhadura da mão humana, provavelmente para ser golpea de uma contra outra, produzindo-se
som. Esse mesmo raciocínio de análise se aplica a pedaços de pau, bastões e ossos de animais.
Arqueólogos acharam pegadas humanas fossilizadas
e viram que eram sincronizadas. Notaram também que o pé direito tinha uma pegada mais funda simbolizando um ritual. provavelmente
um ritmo binário 2 por 4, o mesmo que é usado no nosso samba. Como instrumentos usavam: Troncos de árvore ocos que se transformavam
em excelentes meios de comunicação, os chamados tantan da África.Alguns frutos, depois de secos, soltam suas sementes se transformando
em chocalhos.Dos instrumentos primitivos de percussão tem-se os chamado idiofones, existem os de material sonoro natural e
os que possuem elementos adicionados como pedras ou peles para que produzam sons. Eles podem ser divididos em:
CHOCALHAR: produzindo sons quando as partes
do material adicionado chocam umas nas outras ou nas paredes internas;
SOCAR: produzindo sons em um buraco com pés
ou as mãos ou em um tubo oco;
CONCUSÃO: produzindo sons ao golpear dois objetos
semelhantes(madeira, pedra, osso, etc)
BATER: produzindo sons ao bater em uma ou mais
peças de um material sonoro com bastões ou ossos.
RASPAR: produzindo sons ao raspar dois objetos
de superfícies não lisas. Mais um fato curioso: também foram descobertos desenhos paleolíticos nos quais crianças brincam com chocalhos, como
ocorre agora em nossos tempos
Missa
ao som de atabaque
Se alguém imagina que é impossível uma missa
católica ser celebrada ao som de atabaques e cantos afros é porque desconhece o trabalho do padre Toninho, pároco da
tradicional Igreja de Nossa Senhora da Achiropita, localizada no bairro do Bexiga, em São Paulo. Além do que o próprio padre
chama de "celebração católica inculturada a partir dos valores africanos" (a missa afro), ele já vem atuando junto à comunidade
negra desde os anos 80.Aos 50 anos e formado em Filosofia e Teologia, com mestrado e doutorado em Teologia realizados em Roma,
padre Toninho diz que seu trabalho sempre foi bem recebido, tanto pela Cúria Metropolitana como pelos moradores do Bexiga.
"Além da nossa igreja ficar na Rua 13 de Maio e ser vizinha da Escola de Samba Vai-Vai, historicamente os primeiros moradores
do bairro foram os negros. Depois é que chegaram os italianos, vindos do sul da Itália. O casamento entre esses dois grupos
já existia e o nosso trabalho só veio intensificar essa união." Ele acredita que a forma de se abolir o racismo é com políticas
afirmativas em todas as áreas da sociedade e o pleno exercício de cidadania. À comunidade negra, um conselho: "Não tenham
receio: participem e ocupem espaços em todos os locais da sociedade".
Ritos afros marcam missa de
ordenação
Som de berimbaus,
atabaques e agogôs, danças, cantos africanos, o colorido das vestes e a presença da Irmandade da Boa Morte, marcaram a missa
de ordenação presbiteral do diácono Josuel dos Santos Boaventura, na noite de ontem, dia 26, no município de Conceição da
Feira. A missa campal foi presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, D.Gilio Felício, e concelebrada por cerca
de 20 sacerdotes baianos, italianos e gaúchos. A Praça da Matriz ficou pequena para a multidão que compareceu para prestigiar
o filho da terra no dia em que se tornou padre. O prefeito, Antônio Alves Serra e o vice da Câmara, José Roberto de Santana,
marcaram presença. Ritual não comum na liturgia tradicional católica, a missa uniu elementos africanos. Um padre e uma integrante
da Irmandade da Boa Morte aspergiram a assembléia. O ofertório, trazido pelas senhoras da Boa Morte, foi acrescido com abará,
acarajé, pipoca e flores. Segundo explicou o padre Waldemar José Longo, superior dos Escalabrinianos - congregação à qual
pertence Josuel Boaventura - acrescentar rituais da cultura afro na liturgia é aceitar a recomendação do Concílio do Vaticano
II, "a Igreja se abre ao mundo de acolhida e de diálogo com novos valores". O rito da consagração seguiu, rigorosamente, o
que recomenda a Santa Sé. Para D.Gilio Felício, incluir valores afros nas missas, como música, ritmos, instrumentos, dança
e comida, é dar para a Igreja a face do seu povo, como foi na missa pontifical rezada pelo papa João Paulo II, em 2000, quando
canonizou a sudanesa Josefina Bakhita, na Praça de São Pedro, Vaticano.
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